sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Recusa nos grupos prioritários leva a alteração dos planos de vacinação



Em alguns Centros de Saúde, utentes considerados não prioritários no Plano de Vacinação, que teve início a 26 de Outubro deste ano, estão a ser chamados para receber a vacina contra o vírus H1N1. Esta situação ocorre numa tentativa de desperdiçar o menor número possível de doses, uma vez que um frasco contém 10 doses e, uma vez aberto, deve ser utilizado num prazo máximo de 48 horas. Ora, as doses previamente estipuladas para os grupos de risco que incluiam os profissionais de Saúde, os doentes crónicos e as grávidas, estão a sobrar nos Centros de Saúde, já que um elevado número destas pessoas falta à vacinação agendada, obrigando a um esforço no sentido de não deitar o medicamento ao lixo.

Enquanto as pessoas incluidas nos grupos prioritários recusam a vacina, pelo receio de possíveis efeitos secundários de um medicamento ainda com poucos dados nesse campo, outras, consideradas não prioritárias, desejariam sê-lo mas vêem-se obrigadas a esperar. A Ministra da Saúde, Ana Jorge, disse acerca deste assunto que "o respeito que cada um tem por si e pelos outros também se pode verificar aqui", apelando ao não desperdício de nenhuma dose por "receios infundados".

A título de exemplo, das 60 mil grávidas no 2º e 3º trimestres de gravidez, apenas 5 mil foram vacinadas. Estes números são espelho de um receio relativamente à vacinação durante este período, que supera a noção de risco que uma infecção pelo vírus H1N1 pode ter para a mãe e para o feto, situação que já foi aqui exposta num artigo anterior.

Esta fraca adesão fará, por isso, com que a vacinação do Grupo B seja antecipada, a par dos contactos que irão sendo feitos com utentes não prioritários, pelos respectivos Centros de Saúde, para colmatar as faltas.


Imagem: European Press Photo Agency.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mutação do vírus H1N1 preocupa cientistas noruegueses




Duas mortes e um doente em estado grave puseram em alerta a comunidade científica, depois de se ter identificado um vírus H1N1 mutante como responsável. Aparentemente, esta mutação poderá causar doenças mais graves, com maior morbilidade e mortalidade, ao afectar mais propensamente as vias respiratórias baixas, mais precisamente o tecido pulmonar. Assim, quadros de pneumonia poderão surgir com maior frequência.

Estes resultados surgiram apenas em 3 de 70 doentes com gripe A confirmada, o que indica que a mutação não circula na população e pode apenas ter ocorrido espontaneamente nessas pessoas. Importa esclarecer que este estudo foi feito no âmbito da vigilância da gripe pandémica e não por qualquer suspeita, tendo sido detectadas outras mutações, fenómeno que aliás é normal, com a particularidade de esta mutação ter suscitado um interesse especial.

Até agora não há dados no que concerne à resposta desta mutação à vacinação e à medicação antiviral.

Entretanto, a OMS informou que no País de Gales cinco doentes revelaram resistência ao Tamiflu® (oseltamivir), o antiviral utilizado no tratamento da gripe pelo H1N1.


Imagem: Vírus H1N1 (retirada daqui).

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Morte de um terceiro feto após vacinação materna


Ocorreu hoje a terceira morte de um feto poucos dias após a vacinação da mãe. Depois de no sábado passado uma grávida de 34 semanas ter perdido o feto, com a coincidência de ter recebido a vacina para o vírus da Gripe A H1N1 três dias antes e de o mesmo ter ocorrido no Hospital CUF Descobertas, dois dias depois, a uma outra grávida também de 34 semanas, vacinada há cinco dias, registou-se, desta vez em Leiria, uma terceira perda. A mãe, de 27 anos, terá sido vacinada a 2 de Novembro e do feto, com apenas 20 semanas de gestação, registou-se a ausência de batimentos cardíacos esta tarde, após recorrência ao Hospital de Santo André.

Segundo a mãe, a sua gravidez era acompanhada por um especialista e decorria com normalidade. Aguarda-se a realização das autópsias dos dois últimos fetos, tendo a autópsia do primeiro caso se revelado inconclusiva.

Tanto o Ministério como a DGS garantem que a vacina é segura na gravidez, sendo de vital importância que todas as grávidas aceitem ser vacinadas, já que, garantem, as potenciais complicações da Gripe A na gravidez têm uma importância muito superior aos possíveis efeitos secundários menores da vacina. Há ainda que evitar a disseminação do vírus, motivo pelo qual a vacinação não deve parar.

Francisco George, o Director-Geral de Saúde, evita falar sobre a perda destes fetos em concreto, já que ainda não possui dados conclusivos sobre as autópsias, apontando porém para um relatório da DGS em que se dá conta da perda de cerca de 300 fetos por ano entre 2004 e 2008, perdas essas que obviamente não têm nada a ver com a vacinação. A realidade, que a até à data a maioria dos portugueses desconhecia, é que quase todos os dias morre um feto em Portugal, uma estatística que deve ser encarada com normalidade e tida em conta na situação em questão.

Todo este alarmismo vem, tal como acontece com os dados referentes aos óbtitos pela Gripe A já verificados, obrigar-nos a reflectir sobre a seguinte questão: até que ponto a actual situação é, em números, diferente da que todos os anos se verifica, mas sobre a qual não recebemos a mesma quantidade de informação?


Imagem retirada daqui.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

149 focos de Gripe A numa semana


Devido ao aumento significativo deste número nos últimos dias, o Ministério decidiu revelar que foram detectados 149 focos de Gripe A em escolas de todo o país desde quinta-feira passada (22/10), contrastando com os 7 focos detectados na semana anterior.

Também se registou hoje à tarde mais uma morte devido ao vírus H1N1, desta vez tratando-se de uma criança de 10 anos, que veio a falecer no Hospital D. Estefânia, em Lisboa. Somam-se assim 4 vítimas mortais por esta causa.

Notícias como estas preocupam alguns pais, que têm pressionado as escolas com maior número de casos a fechar portas, para evitar novos contágios. Porém, convém relembrar que todos os anos se registam mortes devido à gripe sazonal, ocorrendo mais frequentemente em indivíduos vulneráveis entre crianças e idosos, facto que, pela pouca exposição social que normalmente tem, não causa toda esta agitação.

O Ministério revelou ainda que na semana de 19 a 25 de Outubro foram observados 4732 doentes com sintomas de gripe, nos serviços de saúde, sem distinção entre casos de gripe A e de gripe sazonal.



Imagem: Sapo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Primeiro dia de vacinação contra o vírus da Gripe A


Está tudo a postos: começa hoje a primeira fase de vacinação contra o vírus que tem atraído as atenções mundiais nos últimos meses (desde Março de 2009). Espera-se que cinco mil vacinas sejam administradas neste primeiro dia, num total de 54 mil doses nas próximas duas semanas, reservadas para grávidas no segundo e terceiro trimestres de gestação com patologias crónicas associadas, profissionais de saúde insubstituíveis e profissionais de outras áreas, indispensáveis ao normal funcionamento da sociedade.

Mas nem todos os candidatos a beneficiar desta medida demonstram intenção em o fazer, facto que preocupa os que têm vontade mas se sentem menos informados. É o caso de alguns profissionais de Saúde, principalmente médicos que alegam, por um lado, a baixa virulência desta estirpe de vírus, por outro, a inexistência de testes e dados relevantes sobre os efeitos secundários da vacina.

O controlo eficaz sobre quem toma ou não a vacina nesta primeira fase de vacinação é da responsabilidade dos Centros de Saúde, mais precisamente dos médicos de família que deverão passar uma declaração a todos os abrangidos, especificando o grupo de risco a que pertencem. Esta declaração é de apresentação obrigatória no local onde se procede à administração.

Segundo Francisco George, director-geral da Saúde, deverão ser administradas um milhão de doses até ao final do ano, o que corresponde na verdade à vacinação de 500 mil pessoas, já que a Autoridade Europeia do Medicamento diz que são necessárias duas doses para que a inoculação seja eficaz, com um intervalo de três semanas. Contudo, com a experiência poderá verificar-se que uma só dose é suficiente, o que levará a que um maior número de pessoas possa ser vacinada. Há, porém, a garantia de que todas as pessoas debilitadas serão vacinadas nesta primeira fase.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Grande Reportagem" SIC - "Em caso de Gripe (A)"



Para ver ou rever, esta foi a reportagem emitida pela SIC no domingo à noite, que revelou os bastidores do atendimento à Gripe A H1N1, desde o dia-a-dia da "Linha de Saúde 24" até aos procedimentos de um Centro de Saúde, e onde foram ouvidos doentes e profissionais.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Folhetos sobre a Gripe A em Braille




Numa iniciativa louvável, a ARS do Algarve, com a cooperação da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), vai disponibilizar nas suas Unidades de Saúde folhetos informativos sobre a Gripe A em Braille, para que também os cidadãos com deficiência visual possam ter acesso à informação escrita sobre um assunto tão mediático e actual. Esta parceria não deverá ficar por aqui, já que a Gripe A, pela sua importância no panorama de saúde actual, será a primeira de outras temáticas que motivarão a elaboração de futuros folhetos.

Todos os custos de produção ficarão a cargo da ARS/Algarve, mas os folhetos serão traduzidos e impressos no centro de recursos da ACAPO em Lisboa.

Apesar de ser tão óbvia a sua necessidade, esta é uma iniciativa pioneira em Portugal. Esperamos agora que as ARS de todo o país lhe sigam o exemplo.