terça-feira, 29 de setembro de 2009

Como dizer: Gripe A ou Gripe Suína?


A nova pandemia de gripe de 2009 surgiu em meados do mês de Março no México, com a detecção de um novo subtipo do vírus Influenza, o H1N1 que continha em si genes dos vírus da gripe humana, aviária e suína, numa combinação nova e por consequência sem anticorpos correspondentes na população (ver artigo anterior). Devido à sua evolução a partir de um agente causador da variante de gripe em suínos, o primeiro nome atribuído à nova doença foi Gripe Suína, apesar de naquele momento ela ser já transmitida apenas entre humanos. Outros nomes surgiram paralelamente, como Gripe Mexicana ou Gripe Norte-americana, aludindo à origem dos primeiros casos.

Em Abril do mesmo ano (2009), a OMS passou a designá-la por Gripe A, por forma a desmistificar os receios relativos ao consumo de carne de porco e assim evitar prejuízos na indústria da suinicultura. Estes receios tornaram-se particularmente evidentes no Egipto, um país onde o Islamismo é a religião oficial e proíbe a ingestão de carne de porco, tendo o Governo ordenado o sacrifício de todo o rebanho suíno, estimado em cerca de 300 mil animais. Anunciada como uma medida preventiva, a atitude demonstrou ignorância e desvalorização das informações que asseguram que não há contágio através da ingestão desta carne (cozinhada), já que o vírus morre a uma temperatura de 70º C.

Apesar da alteração na designação, em alguns países o termo "Suína" continua a ser usado maioritariamente, como é o caso do Brasil. Porém, o termo "Gripe A" não é também totalmente claro, uma vez que a maioria das comuns gripes humanas sazonais que todos os anos afectam as populações são provocadas por subtipos do Influenzavirus A, por isso o termo-chave aqui é H1N1. A título de exemplo, o vírus da Gripe Aviária, que em 2003 atraíu as atenções devido à elevada mortalidade (60 óbitos em 117 casos), é também um Influenzavirus A, do subtipo H5N1.


Foto: jpcolasso.